
A entrevista da presidente do PT Gleisi Hoffmann à CNN deveria acender uma enorme luz de alerta nas expectativas da sociedade brasileira.
Lembre-se que não há nada tão ruim que não possa piorar.
Sim, como já disse e reafirmo, Bolsonaro é um mal em si, autoritário, idiota e portador de uma incompetência que superou em muito a de Dilma. Colocou a mim e a muitos na posição de votar em qualquer um que não seja Bolsonaro nas próximas eleições, mas isso não quer dizer que a alternativa tenha que ser Lula e o PT. Enquanto for possível, é uma obrigação ética e humanista lutar por uma terceira via.
A entrevista revisita o hábito arraigado do PT e suas muitas vozes, na política, na imprensa e na academia, de construir narrativas que negam os fatos e reescrevem a história. É o que já defini como pós-verdade. Trata-se de uma ferramenta de manipulação eficiente para os desinformados, embora encontre limites claros em seu confronto com a realidade.
Quando o assunto é corrupção, por exemplo, mesmo que Gleisi Hoffmann afirme que foi tudo “uma conspiração das elites com CIA”, restam as confissões, os acordos de leniência e os 4 bilhões recuperados pela Lava Jato. Mas isso não é o mais grave. A corrupção nunca foi o mais grave.
É fundamental entender que a crise que enfraqueceu Dilma, com forte recessão, desemprego de 13 milhões de pessoas e inflação em alta teria ocorrido mesmo se fossem todos honestíssimos. A crise foi fruto da escolha de abandonar os fundamentos do Plano Real em 2008 e de enfiar os 4 pés na jaca a partir de 2011.
Há artigos sobre estes pontos aqui e aqui. Eles permitem compreender melhor o enorme risco embutido em afirmações como:
“Somos contra qualquer âncora fiscal (…). O equilíbrio fiscal se dá quando a economia cresce.”
“(…) A dívida não é um problema em si. Qual a diferença de um percentual ou outro da dívida? (…)”
“(…) A gente não elege um governo pra cuidar do fiscal. A gente elege um governo pra cuidar do povo.”
Por mais que as narrativas do PT consigam enganar os desavisados, se de fato o PT seguir esse caminho entregará à população que diz defender uma crise ainda maior do que a criada por eles a partir de 2008. Crise, aliás, que foi mitigada por Temer e novamente aprofundada por Bolsonaro.
Para compreender o tamanho da mentira e da manipulação das narrativas construídas pelo PT, também no campo econômico, é interessante lembrar alguns pontos ressaltados Felippe Hermes em seu Facebook:
Negam que 2015 tenha existido. Tentam a todo instante reescrever este período e mentem deliberadamente sobre o país “estar bem” em 2014.
Vendem o Ciência Sem Fronteiras como uma grande ideia, mas “esquecem” de reconhecer que foi encerrado pelo próprio governo Dilma.
Repetem que o FIES foi uma ótima ideia, mas negam que metade do programa tenha gerado calote e que quase a totalidade dos recursos engordou os cofres de Faculdades particulares de péssima qualidade.
Varrem para baixo do tapete da história que a pobreza havia voltado a subir em 2013, dados que deveriam ter sido divulgados pelo IPEA em outubro de 2014 mas que foram protelados para “não prejudicar a eleição”.
Omitem que em fevereiro de 2014 o Tesouro Nacional alertou Dilma sobre as pedaladas. Foram ignorados porque, afinal, a presidente “faria o diabo para ganhar a eleição”.
Escondem que partiu de Dilma a decisão de cortar programas sociais em 2015.
Infelizmente, para o PT e seus construtores de narrativas, todos esses fatos podem ser encontrados com uma busca simples no Google. Também infelizmente, para quem luta por uma terceira via, a maior parte dos eleitores do PT compra a narrativa e esquece os fatos.
Mas voltemos à entrevista de Gleisi Hoffmann. Ela faz coro com Guido Mantega em seu artigo na Folha e sepulta qualquer esperança de teto de gastos ou qualquer outra âncora à gastança desenfreada. Como bem observou Amilton Aquino, “a aposta única do PT é no crescimento a qualquer custo, exatamente o que foi tentado por Mantega com a Nova Matriz Econômica a partir de 2011. E se não pegar no tranco, como não pegou da outra vez? Simplesmente eles não contam com esta hipótese. O céu é o limite para o endividamento. Para ela, não existe diferença em ter zero de dívidas ou dever 100% do PIB! É como se não pagássemos anualmente R$ 400 bi de juros! É realmente estarrecedor que a presidente do partido ande por aí dando declarações deste tipo sem qualquer repercussão. Pra fechar o combo do caminho do abismo só faltou pregar um calote na dívida. Mas, claro, isso não se promete na campanha, embora alguns radicais do PT certamente já estejam babando por esta “alternativa”.”
Este “modelo” defendido por Gleisi Hoffmann, Mantega e o PT é uma espécie de mapa para o inferno. Ele dá algum resultado no curto prazo, criando uma certa euforia, mas em seguida entra em colapso e gera uma crise de longo prazo.
Foi o que aconteceu no Brasil a partir de 2008, na Venezuela desde a primeira eleição de Hugo Chávez (que mesmo com os bolsos cheios de petróleo cortou 3 zeros da moeda em 2005 e de novo em 2010), na Argentina e onde mais foi tentado.
Ter a capacidade de aprender com os erros, próprios e alheios, é um sinal claro de inteligência. Por outro lado, se recusar até mesmo a reconhecer os próprios erros é um sinal claro de estupidez. E de estupidez não precisamos mais.
Que surja uma terceira via.
Nesse 15 de Maio de 2022 o Estadão publicou um Editorial que resume bem o como o Lula e PT operam no território da pós-verdade, emendando uma narrativa fraudulenta na outra. Fiquem com o Editorial:
LULA FAZ O ELEITOR DE BOBO
Petista quer fazer o País acreditar que, se ele é ‘inocente’, então nunca houve petrolão. Ao agir assim, e prometer ‘recuperar’ a Petrobrás depois que o PT quase a destruiu, é um insulto
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter recuperado seus direitos políticos após a anulação de suas condenações judiciais no âmbito da Operação Lava Jato, mas isso não significa, nem de longe, que ele tenha sido absolvido pela Justiça nem tampouco que possa apagar o passado, como tenta fazer ao inventar um discurso sobre a Petrobras nesta pré-campanha à Presidência da República. Ao agir assim, Lula trata como idiotas milhões de brasileiros que não se ajoelham sob o altar do PT e que lembram muito bem como o partido tomou a Petrobras de assalto para transformar a empresa em instrumento de política econômica e um centro privado de financiamento de campanha e enriquecimento ilícito.
Qualquer cidadão minimamente informado e que ainda seja capaz de analisar os fatos sem ter o raciocínio comprometido por paixões políticas sabe que a anulação das sentenças penais condenatórias de Lula se deu por razões de natureza processual, não de mérito. A rigor, as decisões favoráveis ao ex-presidente tomadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – que, ao fim e ao cabo, lhe restituíram o direito de disputar eleições – dizem respeito apenas aos erros cometidos pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela primeira instância da Justiça Federal em Curitiba; Lula não foi “inocentado” de nada.
De forma muito ardilosa, Lula explora essa peculiaridade de sua situação jurídico-penal para tentar apagar o “petrolão” da história. O ex-presidente sabe que o “mensalão” e o “petrolão” serão temas incontornáveis em sua tentativa de voltar ao Palácio do Planalto. Logo, tenta induzir parte dos eleitores a acreditar que, se ele próprio não foi condenado pelo maior escândalo de corrupção da história do País, é porque não houve escândalo de corrupção algum. Simples assim.
Lula quer fazer o País acreditar que o “petrolão” não existiu e que ele, caso seja eleito, vai “recuperar a Petrobras”, sabe-se lá do quê. “Nós precisamos fazer com que a Petrobras volte a ser uma grande empresa nacional, uma das maiores do mundo”, disse Lula no discurso de lançamento de sua pré-candidatura, no dia 7 passado. “(Temos de) Colocá-la de novo a serviço do povo brasileiro”, arrematou o ex-presidente.
Em primeiro lugar, é de justiça reconhecer que a Petrobras voltou a ser uma grande empresa durante o governo de Michel Temer. Lula pode contar com a amnésia de parte dos brasileiros, mas cabe recordar que foi durante o governo Temer que a Petrobras se reergueu dos escombros do “petrolão” ao adotar uma administração mais profissional, sobretudo a partir da reorientação de sua política de preços, que passou a ser atrelada às variações do dólar e da cotação do óleo no mercado internacional. Os resultados positivos da empresa desde então falam por si sós.
Lula também aposta na desinformação ao prometer “colocar a Petrobras a serviço do povo brasileiro”. Trata-se de uma falácia eleitoreira, no melhor cenário, ou de uma ameaça de intervenção, no pior. Embora a União seja sua maior acionista, a Petrobras não é uma empresa estatal pura, é uma empresa de economia mista e capital aberto. Presta-se, portanto, a atingir seus objetivos empresariais por meio de uma gestão eficiente, com vistas a remunerar os investimentos que recebe de seus acionistas. Não se presta a ser um instrumento de execução de políticas públicas que favoreçam governos de turno. A corrupção, sem dúvida alguma, causou enormes prejuízos à Petrobras e aos seus acionistas, mas foi a apropriação da empresa durante os governos petistas, os maus investimentos que foi obrigada a fazer e o sacrifício da boa administração em nome dos interesses eleitorais do PT que quase a levaram à bancarrota.
Nesse aspecto, Lula e o presidente Jair Bolsonaro têm uma ideia muito semelhante sobre a Petrobras. Ambos enxergam a empresa como um anexo do Palácio do Planalto. A vitória de um ou de outro na eleição presidencial de outubro prenuncia tempos difíceis não apenas para a empresa, mas para o País.
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,lula-faz-o-eleitor-de-bobo,70004066491
RETOMO para fazer uma observação: como diz o Pondé, estamos como a heroína do filme Alien Versus Predador: com o predador (Lula) é possível estabelecermos circunstancialmente algum grau de empatia e de aliança estratégica; com o Alien (Bolsonaro), é impossível qualquer empatia ou cooperação, temos ali a besta em estado bruto.
Terceira Via? Não existe.
Talvez no sentido original do termo você tenha razão. Mas atualmente já estou aceitando qualquer um que não seja Bolsonaro ou Lula. Acredito que teremos alguma surpresa pela frente. Ou talvez seja apenas torcida.
Um grande engano, votar em “outro” que nao seja Lula ou Bolsonaro, na realidade, nao votar no Bolsonaro, vc acaba avalizando a esquerda, a barbarie, um desgoverno…ficou muito claro na entrevista de ontem do Presidente do BNDES, emprestamos dinheiro a CUBA para receber como garantia Charutos! 3.5 Bilhoes! Vc paga imposto? acredito que sim… vc quer alem de ser roubado, violentado por uma tal “terceira via”? Alias, o tal candidato da terceira via e contra o o porte de arma e a favor do aborto, isso vc aceita?
O blog deixa claro que sou um crítico sistemático do PT, de Lula e seus satélites. Na eleição anterior, no segundo turno, defendi que Bolsonaro era a forma de dizer não ao PT. Pois bem, Bolsonaro traiu 100% de suas promessas de campanha, com ênfase nas reformas políticas e econômicas. Mais. Revelou-se um completo imbecil, incapaz de aprender, tosco, grosseiro e adepto dos piores vícios da política brasileira.
Hoje, votar nele é algo impensável para mim. É votar na barbárie, na negação de qualquer civilidade ou civilização.
Assim, minha resposta é sim, votaria num candidato contra o porte de armas e a favor do aborto se ele tiver chance de nos livrar de Bolsonaro e Lula.
A propósito: sou a favor do direito de ter armas e a favor de que se descriminalize o aborto. Também sou a favor da descriminalização das drogas. A proibição das drogas e do aborto trazem mais problemas que sua regulamentação.
Bolsonaro não traiu as promessas, temos um congresso recheado de Bandidos que travam qualquer ação, também temos um judiciário ativista que pisa na constituição diariamente e apesar de tudo e de todos um governo democraticamente eleito segue, mesmo ainda com todas as artimanhas para derruba-lo e tentando de todas as formas evitar a reeleição certa, os bandidos estão realmente preocupados. Você apoia o assassinato de um ser humano, você apoia o cerceamento da liberdade de escolha, provavelmente o cerceamento da liberdade de expressão, acho que é um cúmplice de bandidos, de ladrões do erário publico, provavelmente um critico da religião, portanto vai aceitar qualquer um para manter isso. Canalhas e a terceira via.
Ao assumir esse discurso que contradiz os fatos e me atribuir diversas acusações que não encontram guarida em nada do que escrevi nesse ou em qualquer outro artigo, acho adequado citar Thomas Sowell: “É normalmente inútil apresentar fatos e análises a pessoas que desfrutam de um senso de superioridade moral em sua ignorância”.
Contribuição para avivar memórias e desconstruir narrativas:
Entre dominantes e dominados, espoliadores e espoliados, exclusivos e excluídos, numa sociedade dividida em classes sociais antagônicas, enfim, o que seria essa “terceira via”? A qual classe social ela, hipoteticamente, representaria?
E como “surgiria” essa “terceira via”? De cima para baixo? Ofertada pelos deuses? Do topo da pirâmide socio-econômica para a base? Surgirá par geração espontânea ou deve ser fertilizada?
Nesse caso, a quem caberia gestá-la e dá-la à luz? A qual setor da sociedade representaria essa “terceira via”?
O que a diferenciaria, se ela fosse possível, da “primeira” e da “segunda” vias?
E, ao seu ver, no contexto atual que está posto e ao qual estamos aqui comentando, quem seria o expoente dessa “terceira via”? O Doria? O Moro? O Ciro ? A Simone Tebet? O Fernando Henrique Cardoso? O Rodrigo Pacheco?
Surgiriam como devem surgir em democracias: pela articulação política.
Quanto ao que as diferencia, como digo no artigo, é a esperança de não ver os erros que nos levaram ao desastre serem orgulhosamente repetidos.
Sobre os nomes, como disse no artigo anterior: ”Hoje já estou achando Ciro Gomes e Moro palatáveis.”
Ao seu ver, para as próximas eleições, quem é o expoente da “terceira via”? A qual classe social ele representa? A qual setor da sociedade seu partido representa? Ciro e Moro são palatáveis para quem ?
São palatáveis para quem não quer a continuação de Bolsonaro nem a repetição dos erros prometida pelo PT, como o artigo demonstra. É a tal de Realpolitik.
Petrobras quer que Gleisi Hoffmann devolva R$ 1 milhão aos cofres da empresa
https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2017/12/politica/601076-petrobras-quer-que-gleisi-hoffmann-devolva-r-1-milhao-aos-cofres-da-empresa.html
Me parece que essa ação foi extinta no rastro da destruição da Lava Jato pelo STF. Mas é sempre bom lembrar os fatos.
Artigo excelente! Prova que o PT mente de forma repetida e descarada até que a mentira vire verdade. Prova também que o projeto do PT é repetir a mesma política fiscal irresponsável que levou a economia ao colapso e que fez o número de miseráveis explodir. Precisamos de uma terceira via.
Obrigado.
A presença desta pessoa na direção do PT é uma clara demonstração do que é o partido.
Sim. E como sabemos, nada acontece no PT se não for a vontade de Lula. O PT marcha unido nessa falsificação da realidade.
Antigamente o nível de participantes do PT era bem melhor. Parece que houve uma “depuração de inteligências” dentro do partido. Se Lula for eleito e tentar fazer um governo com “as pratas da casa” será um desastre monumental.
Concordo.