Certas coisas são tragicômicas. Uma dela é como a ideologia turva a visão da esquerda. Recentemente tive um debate pesado com Fernando Nogueira da Costa, figurão da UNICAMP, que deixou isto muito claro.
Agora é a vez de ver a fantástica repercussão de uma reportagem de Giulia Afiune na Folha de São Paulo que teve frase do bilionário Jorge Paulo Lemann destacada como título: “Nós nunca vamos ter estabilidade se tivermos desigualdade”.
Blogs e militantes de esquerda fizeram a festa na internet. Você deve ter visto umas dez postagens desta frase. Deve ter visto alguns artigos destacando o fato. Ninguém, no entanto, parece ter dado atenção ao restante de suas falas. Aparentemente, leram apenas o título. Parecem pensar que Lemann se rendeu ao socialismo, que viu a luz, que se converteu a São Marx da Mais Valia. Talvez até continue capitalista contra a própria vontade.
É preciso analisar as coisas pelo que são, não pelo que nossas fantasias gostariam que fossem. Imaginar que as palavras de Lemann revelam qualquer simpatia pelo socialismo é apenas delírio. O que ele está dizendo é o óbvio para quem conhece bem as vantagens do livre mercado e seu potencial de redução da desigualdade, como pode ser observado nos exemplos virtuosos que ocorrem no mundo. Ao “vender” a ideia da redução da desigualdade no Brasil, ele está chamando a atenção da direita esclarecida para a necessidade de aprofundar este caminho mirando-se nos modelos virtuosos escandinavos, canadense e australiano, por exemplo, assumindo esta bandeira e tirando-a das mãos da esquerda. Trata-se de um caminho lógico para melhorar a vida da maioria da população e reduzir o risco de ver esquerdistas afundando novamente o Brasil, como fez Dilma e sua aversão à matemática.
A chave para entender seu pensamento está no próprio artigo, quando diz: “O Brasil não é um país de esquerda nem de direita. O único caminho é pelo centro”.
Este caminho pelo centro é a social democracia, que definitivamente não é de esquerda.
No que toca à Jorge Paulo Lemann a reportagem de Giulia Afiune é correta, mas dá um escorregão no último parágrafo, quando cita entre aspas a declaração de Gisele Bündchen de que sempre “trabalhou duro” em sua vida profissional.
A ironia que a expressão “trabalhou duro” entre aspas empresta à frase indica que não lhe ocorreu como Gisele de fato trabalhou duro para ser a profissional que é. Talvez eu cometa aqui alguma injustiça, mas penso que neste ponto falhou a jornalista e falou mais alto a mulher com dificuldade para esconder uma certa inveja da Top Model. Se foi isso, é até compreensível….
Segue a reportagem da Folha na íntegra.
_______________________
Nunca haverá estabilidade se houver desigualdade, diz bilionário brasileiro.
Por Giulia Afiune para a Folha de São Paulo.
“Nós nunca vamos ter estabilidade se tivermos desigualdade”, disse o empresário Jorge Paulo Lemann em palestra na Universidade Harvard em Cambridge (EUA).
Dono de uma fortuna de US$ 30,9 bilhões, Lemann é o homem mais rico do Brasil e ocupa a 19ª posição no ranking mundial, segundo a revista “Forbes”. O empresário, de 76 anos, é acionista da Anheuser-Busch InBev, a maior cervejaria do mundo.
Lemann considera que a redução da desigualdade deveria ser o “maior sonho para o Brasil”.
“Eu moro na Suíça e é ótimo viver numa sociedade em que há muito mais igualdade.” Ele reconheceu que a maioria dos suíços é de classe alta.
“São pessoas ricas, há poucas pessoas pobres, mas, apesar de não serem iguais, todos têm as mesmas chances. Todos estudam nas mesmas escolas, todos vão aos mesmos médicos. É uma sociedade muito mais feliz.”
O comentário de Lemann foi parte da resposta a uma pergunta do consultor empresarial Jim Collins, que o entrevistou no painel.
“Se o Brasil estivesse no seu portfólio, quais seriam as três principais mudanças que o 3G [fundo de investimentos que ele administra] faria para melhorar o país?”, questionou Collins.
Lemann disse que não entende de política e que nunca ocupou cargos, mas emendou: “A fórmula básica é juntar um bom grupo de pessoas para administrar as coisas, ter um grande sonho, seguir as informações certas e assumir alguns riscos”.
O empresário disse que o “risco” que correria seria juntar um grupo de jovens competentes que pudessem trabalhar juntos, mesmo com ideias diferentes.
“O Brasil não é um país de esquerda nem de direita. O único caminho é pelo centro.”
Questionado sobre como o Brasil pode aproveitar a crise atual para melhorar, Lemann disse: “Eu acho que vai ter muita mudança política nos próximos dois anos. Há uma oportunidade para aparecerem novos rostos, novas pessoas, novas ideias.”
Lemann disse que se arrepende de não ter tido mais participação política em sua vida, mas que delega isso aos mais jovens. “Vão lá e arrumem o Brasil. Se nós nos juntarmos e tivermos grupos de pessoas que pensam diferente, mas que conversem, e que sejam mais pragmáticas, nós poderemos construir um país maravilhoso.”
Jorge Paulo Lemann e Jim Collins estiveram na mesa de fechamento da Brazil Conference. Organizada por estudantes brasileiros da Universidade Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a conferência reuniu empresários, políticos e pensadores para discutir o futuro do Brasil.
Os dois falaram sobre suas carreiras no mundo empresarial e deram conselhos à plateia, formada principalmente por estudantes brasileiros que vivem nos EUA.
A modelo Gisele Bündchen, que mora em Boston, assistiu à palestra e foi convidada a se juntar à mesa no final, quando falou de sua trajetória e que sempre “trabalhou duro” em sua vida profissional.
Link para o artigo original na Folha aqui.
____________
Sugestão de artigo complementar:
A PROVA DE QUE A DIREITA TEM CORAÇÃO.
Abertura e costura do artigo por Paulo Falcão.
É duas realidade bem diferente, Suíça e Brasil. A extensão territorial, a corrupção, a educação, ás leis, a renda, etc… Existe um conto de uma conversa entre dois jovens, um muito pé no chão enquanto o outro sonhador. Um dizia eu acho legal o socialismo, sabe á ideia de dividir é muito bacana, quando eu tiver duas fazenda vou doar uma para os pobres, o outro disse, é? Porque você não começa doando um dos seus porquinhos? Então o sonhador responde, mais eu só tenho dois !!! Moral da história, se o cara acha boa a ideia porque não começa pelo que ele tem ???
Detalhe importante: a Suíça é zero socialista. As socialdemocracias nórdicas idem.
sei bem qual o comunismo de Paul Lemman mas não vou ensinar sobre socialismo a socialistas, mas posso ensinar sobre conservadorismo, vão no meu canal @jornal_conservador
Seu comentário indica que não entendeu a ironia do artigo.
Cara, social democracia é de esquerda sim, ou pelo menos esquerda segundo o Politic Compass, eu nao tenho o menor problema com a desigualdade acho que ninguem deveria ter, o problema é a pobreza extrema, achar que a desigualdade é ruim é pensar que o fato de vc ser rico me torna pobre, coisa que nao é mais verdade desde de que o ser humano nao vive mais da terra mas do seu conhecimento.
A esquerda se define pelo fim da propriedade privada dos meios de produção e governo de partido único, carinhosamente chamado de socialismo, ou ditadura do proletariado. As sociais democracias ocorrem exclusivamente em democracias liberais.
Social democracia = união europeia = comunismo disfarçado, é questão de tempo cair pois o único local onde esquerdar da certo é na redação do ENEM.
Romero, isto que você falou é mais que um exagero, é um despropósito.
Não sou nenhum pouco de esquerda. Sou um liberal assumido. Esta sua opinião reflete um profundo desconhecimento de causa.
Aliás, a prova disso são os ajustes que as principais social-democracias andaram fazendo.
Se tiver tempo, leia:
A AURORA NÓRDICA PARA O CAPITALISMO
Meus comentários foram excluidos?
Paulo, seu comentário demorou um pouco para ser moderado, por absoluta falta de tempo minha, mas já está publicado e pode ser lido no link abaixo, já que seu comentário foi feito em outro artigo:
https://goo.gl/SLhex4
Com relação à frase citada junto ao post original, a desigualdade assim como a igualdade não são sempre boas ou ruins. Uma sociedade onde uns tem oportunidades e outros não ainda é melhor do que uma sociedade em que ninguém tem oportunidade alguma. Por outro lado, uma sociedade desigual em certos momentos pode significar estímulo para que a pessoa conquiste o que deseja, mas também pode em uma cultura doente provocar inveja.
JPaulo, gostei de seu comentário. Defendo algo semelhante neste artigo: A MERITOCRACIA E SEU OPOSTO http://wp.me/p4alqY-eo
Visão turva de toda a esquerda, e inveja de Gisele O artigo inicia e culmina com argumentos contra a pessoa. Dilma não é de esquerda e muito menos esquerdista. Talvez se abstrairmos os discursos de militantes e dela do conjunto da nossa realidade, talvez, seja centro. E isso seria bem distinto de analisar as coisas como elas são. Uma fala deste artigo, de tom polemista e não compreensivo, me faz refletir se a social democracia em hipótese e em situação alguma não seria esquerda. Pois aqui a linha de teu pensamento fica pelada, peladinha. Pensamento sem movimento, estanque, com premissas aonde estão a perfeição, o absoluto, o não complexo. Matemático, e raso. Tal o nazismo, no discurso social democrata, a exemplo do sr. Lemann, há o uso com segundas intenções de conceitos caros a esquerda, um deles é o combate a desigualdade. A direita para parecer palatável, faz o uso pós moderno de conceitos e categorias caras a esquerda em geral. Enquanto isso se discute o ensino de fluxo de caixa nas salas de aula na rede de TV financiada pelo governo. Repito, que não vejo mentiras nos teus textos, vejo coerência entre o que dizes e o que tu és, ao praticar uma escrita militante pela tua classe. E é muito difícil não usar o argumento contra a pessoa neste nosso debate.
Rafael, Dilma e vários Ptistas são a “esquerda possível” quando se exerce o poder em uma democracia. Não houve em momento algum condições para um golpe, como ocorreu na Bolívia com o aparelhamento imediato do STF deles e as estatizações com apoio do Brasil. Não houve condições de corroer tão rapidamente a democracia como na Venezuela de Chávez. As instituições no Brasil funcionaram melhor. Mas a ação do Governo Dilma, em vários momentos tentou ferir a democracia liberal, como quando tentou implantar os conselhos populares. A própria agressão à responsabilidade fiscal é fruto de uma visão “de esquerda” da economia, que em 100% dos casos termina em desastre econômico e ajustes dolorosos. Quanto à agressão a pessoas, o artigo é antes de mais nada uma “crônica de costumes”, uma ironia para com um certo comportamento que se observa nas redes sociais.
Como liberais adoram as instituições qdo convêm aos seus interesses, qto a crítica de costumes é algo corriqueiro nos textos de Falcão e de boa parte da elite brasileira ver nos outros os seus próprios vícios…
Bruno, citei apenas fatos conhecidos. Se reconhecer os fatos lhe parece oportunismo de minha parte, indica apenas que não me conhece bem.
Social democracia = união europeia = comunismo disfarçado, é questão de tempo cair pois o único local onde esquerdar da certo é na redação do ENEM.
Romero, isto que você falou é mais que um exagero, é um despropósito.
Não dou nenhum pouco de esquerda. Sou um liberal assumido. Esta sua opinião reflete um profundo desconhecimento de causa.
Aliás, a prova disso são os ajustes que as principais social-democracias andaram fazendo.
Se tiver tempo, leia:
A AURORA NÓRDICA PARA O CAPITALISMO
Não sou pt, mas que montagem estúpida, machista, digna de uma mente atormentada e criminosa, FASCISTA!
Elisabeth, você aparentemente comentou sem ler o artigo. Comenta com toda sua ignorância. E sim, você é petista.
… oh criatura sem nome, não sou petista, SOU COMUNISTA !!! … e quanto ao artigo bobinho lambe-saco-de-milionário é um escracho na cara do povo brasileiro SIM !!! … me poupe com frases estúpidaz e ridículas como “O Brasil não é um país de esquerda nem de direita. O único caminho é pelo centro.”, só um abestalhado midiotizado pra reproduzir merdas como essa!
Elisabeth, seu nível de argumentação são os adjetivos? Sua cítica é apenas esta negação sem razão? Cadê os argumentos? Você é comunista mesmo? Já leu Marx? Pelo nível de seus argumentos, não, nem a orelha do livro.
Questões Relevantes …quem é vc pequeno ser obscuro e sem nome para falar o mínimo sobre mim??? … não me escondo atrás de falsos perfis pseudo-intelectualóides! … fui jovem, e ainda na faculdade lutei contra a ditadura, sei bem o “tipo” de aberrações como vc, e quais as suas péssimas intenções! … se tivesse um mínimo de respeito, antes de denegrir quem vc não conhece, poderia lhe expor muitos argumentos, quem sabe até minha tese de doutorado… ah… mas com pessoinhas preconceituosas não há argumentos, há simples REFUTAÇÂO !!!
Ainda, aquela montagem é passível de processo criminal, procure na Lei, ah… me esqueço sempre, fascistas e direitistas não costumam se balizar por Leis, apenas por agressões!
… OMG !!! …quanta sabedoria de quintal vejo em sua página companheiro!!! … critica e espinafra Chomsky !!! …uau !!! … vc é um verdadeiro sábio !!!
Elisabeth Schreiber, meu nome é Paulo Falcão e sou o autor do Blog e do artigo. E você continua acumulando adjetivos e preconceitos como se pela quantidade de bobagens fosse conseguir formular um argumento. Você não consegue entender nem mesmo um artigo simples e vem com este papo de “sou comunista”. Que tal apresentar argumentos, que tal apontar algum erro objetivo? Pode ser deste ou de outros artigos do blog. Pode ser o que você citou, em que critico Chomsky. Aponte lá algum erro.
Muito bizarro alguém orgulhar-se de ser comunista em pleno ano da graça de 2016. Pelo jeito, ela acha que os milhões de mortes do comunismo, como a Holodomor na Ucrânia, ainda não foram suficientes para construir o “homem novo”. Espero que ela jamais chegue ao poder. Não vejo nenhuma diferença entre um comunista e um nazista, a não ser que nazistas são nacionalistas e comunistas são internacionalistas.
Queridos, o capitalismo matou e continua matando cem vezes mais que o comunismo, só cego e burro pra não ver!
Elisabeth, quando nos referimos aos mortos da esquerda, estamos nos referindo àqueles mortos entre a própria população que o governo deveria proteger. Estamos falando dos mortos “educativos”. A Esquerda começa a contar os mortos da direita quando Caim teria matado Abel. Comece a contar na revolução industrial e exclua os motos em guerras entre países. O que resta são os mortos que devem ser contados para esta comparação.
Molto valere i propri ad appropriarsi del “Uomo Vitruviano” di Leonardo per esprimere idee in modo superficiale un diritto pseudo-centrista, flaccido e vuoto!
Si noti che il disegno è spesso considerato come un simbolo della simmetria di base del corpo umano e, per estensione, all’universo nel suo complesso,
davvero pretenzioso!
Fiquei até emocionado por ser chamado de pretensioso em italiano. Mas sua crítica continua baseada em adjetivos, sem um único argumento real, sem apontar qualquer erro factual ou conceitual.
Não há o que analisar, simples assim: o centro não é nada, é farsa, é continuísmo morno, matéria amorfa… e estas postagens não remetem a nada além de uma sustentação midiática do capitalismo, pura perda de tempo! …só comentei porque este material caiu na minha página inicial, sei lá quais critérios que o FB se utiliza. Fiquei irritada, o que confirma tudo o que eu disse, esta imagem feita por um imbecil continua aqui…
Elisabeth Schreiber, cada vez que você se manifesta reforça minha tese de que se esconde atrás e adjetivos porque não é capaz de uma crítica objetiva.