chicodilma

Chico Buarque cantava alegremente que “não existe pecado do lado de baixo do equador”. Eu cantava junto. Muita gente cantava. Às vezes ainda canto. Está certo que a imagem se referia aos pecados da luxúria feitos sob o cobertor e não à roubalheira generalizada que já nem é feita debaixo dos panos, mas como Chico é um ativo defensor da quadrilha petista, a adaptação é merecida, embora exija uma ressalva: só vale para os pecados da esquerda.

Do lado de baixo do equador fica cada vez mais claro que “ser de esquerda” funciona como um tipo muito poderoso de água benta que lava os pecados de quem age em seu nome.

Se alguém roubou a Petrobrás e é de direita, é um ladrão. Se é de esquerda, é um abnegado militante, um legítimo “Herói do povo Brasileiro”.

Se alguém de direita é gravado em uma conversa comprometedora, é um golpista, um canalha. Se é de esquerda, é uma vítima inocente, mesmo que contra todas as evidências.

Se alguém de direita trama contra a Lava-Jato, é um golpista imundo. Quando é a esquerda quem conspira, é só um mal entendido, principalmente quando fala em nome de Dilma.

Quando a “mídia golpista” noticia falcatruas de alguém de direita, é reproduzida à exaustão por ávidos militantes de “la sinistra”. Quando noticia falcatruas de esquerdistas, é acusada de perseguir os coitadinhos.

Só pra lembrar, isto não é de hoje. Até sequestro a esquerda já justificou por aqui. Não, não estou falando dos sequestros de embaixadores nos tempos da ditadura militar brasileira. Há dois casos exemplares que aconteceram em 1989 e em 2002, os casos de Abílio Diniz e Washington Olivetto, que ganham campanha de libertação, apoio de senador e muitos salamaleques da esquerda.

No fim, aparentemente a esquerda sequestrou também o Bem, o Belo e o Justo e faz um uso muito particular destes conceitos.

Não sei você, mas para mim é difícil entender a lógica dessa gente.

 

Artigo de Paulo Falcão.