Anda circulando pelas redes sociais a seguinte fábula política:

“Se você coletar 100 formigas pretas e 100 formigas de fogo (vermelhas) e colocá-las em uma jarra de vidro, nada acontecerá, mas se você pegar a jarra, sacudi-la violentamente e deixá-la sobre a mesa, as formigas vão começar a se matar.

O vermelho acredita que o preto é o inimigo, enquanto o preto acredita que o vermelho é o inimigo, quando o verdadeiro inimigo é a pessoa que sacudiu a jarra.

O mesmo é verdade na sociedade.

Homens versus Mulheres

Esquerda versus Direita

Rico versus pobre

Fé versus Ciência

Jovem versus Velho

Etc …

Antes de lutarmos uns contra os outros, devemos nos perguntar: Quem balançou a jarra?”

O autor do texto é Valdemir Guedes Jr. Não sei se a história das formigas é verdadeira, mas a fábula segue adequada de qualquer forma.

O que está descrito acima é a escolha do conflito como método.

Ora, se a democracia é um modo pacífico de regulação de conflitos, o conflito como método é uma forma de testar os limites da democracia, de esgarçar seu tecido social e precipitar sua superação. Em outras palavras: de agredi-la, se possível até a morte.

Na política brasileira pós democratização, já era possível observar esse mecanismo em funcionamento, mas o conflito como método realmente atropela a política quando se torna a estratégia oficial do PT pós mensalão. Nesse período, Lula e seus satélites cultivaram Bolsonaro como símbolo da direita política, ajudaram a eclipsar as alternativas democráticas (que seguem sumidas) e hoje continua como a estratégia oficial do PT, da esquerda que acha que o PT é de direita (ou não é esquerda o suficiente) e da extrema-direita bolsonarista.

São as forças que insistem em balançar o jarro. À esquerda, porque acreditam na luta de classes como o motor da história; à extrema-direita porque usam essa obsessão da esquerda como desculpa para seus sonhos autoritários.

Se você quer fugir desse jarro iliberal, antidemocrático, informe-se, estude sobre democracia, pesquise sobre políticos que a valorizem.

Sem um número significativo de pessoas defendendo a democracia, desde já, seguiremos oscilando entre polos iliberais que, ao adotarem o conflito como método, esperam reservar o campo político apenas para suas ideias autocráticas.