Como escreveu Felippe Hermes em artigo recente, o Rio de Janeiro terá que escolher entre a cruz e a foice. É a consequência de ser inconsequente. Os dois candidatos com maior rejeição chegaram ao segundo turno por obra, principalmente, de quem não votou. A soma dos não votantes supera o resultado obtido pelos dois candidatos que disputarão o segundo turno em 470 mil votos.
Espero que no segundo turno o Rio leve o negócio mais à sério. É preciso escolher um lado. Para mim, ambos são desastrosos, mas há diferenças. Crivella é um desastre menos insidioso e que jamais terá o apoio da “mídia”, nem da grande, nem da militante. Já Freixo é um desastre que já conta com este apoio e, por tanto, terá mais condições de levar adiante suas promessas e acabar de quebrar o Rio de Janeiro.
O cenário defendido por Freixo é uma distopia disfarçada de utopia, incompatível com a matemática, que na prática atropela a responsabilidade fiscal e o futuro real da cidade.
Como já lembrei em diversos artigos, é o equilíbrio fiscal (responsabilidade fiscal) que dá sustentabilidade às políticas públicas. Como diz um antigo ditado, é do couro que sai a correia. Sem couro, sem carreia.
Freixo até andou dizendo que vai se comportar e se compromete a garantir o “equilíbrio do orçamento”, mas acontece que esta afirmação significa negar praticamente a totalidade das principais promessas de campanha estampadas em seu programa de governo.
Assim, ou estamos diante de um idiota que não entende os limites da realidade, ou de um oportunista com muitas ideias totalitárias, que apoia governos totalitários, e veste sem qualquer pudor o figurino descrito por Thomas Sowell, que pode ser resumido da seguinte maneira: quando o eleitorado quer o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-lo. Qual dos dois você acha mais provável?
Vejamos abaixo pontos do programa de Freixo que são até desejáveis mas significam, necessariamente, aumento expressivo de gastos públicos mensais em um orçamento em que já não cabem as despesas atuais. Ou seja, são apenas promessas vazias ou um desastre anunciado.
PARA O TRANSPORTE
– Criar uma Empresa Pública de Transportes para realizar o planejamento, gestão e fiscalização do sistema de transportes;
– Reorganizar de forma participativa as linhas de ônibus para que o sistema atenda as reais necessidades da população;
– Reduzir progressivamente o preço das passagens e garantir linhas de tarifa zero nas regiões mais pobres;
– Extinguir a dupla função de motorista-cobrador de ônibus;
PARA A SAÚDE
– Realizar concursos públicos para recompor o quadro de servidores, especialmente na rede básica e nos hospitais, em gradual substituição dos trabalhadores terceirizados;
– Criar um plano de carreira para melhorar os salários e as condições de trabalho dos profissionais da saúde;
– Ampliar o acesso aos medicamentos distribuídos pelo SUS;
– Aumentar a capacidade de atendimento das UPAs municipais, garantindo ortopedistas e pediatras em todas as unidades, começando pelas zonas Norte e Oeste;
– Ampliar a rede de médicos, enfermeiros e agentes comunitários para aumentar a cobertura das políticas de Saúde da Família, começando pelas zonas Norte e Oeste;
– Ampliar a rede substitutiva de serviços de saúde mental (dispositivos de residenciais terapêuticos, CAPS III, CAPSi, CAPS AD, CAPS AD III, Centros de Convivência/Cultura, Cooperativas Sociais, Consultórios de Rua, Escolas de Redutores de Danos, entre outros), começando pelas zonas Norte e Oeste.
PARA A EDUCAÇÃO
– Garantir uma educação integral com programas de esporte, arte e cultura nas escolas e creches;
– Criar um novo plano de carreira para melhorar os salários e as condições de trabalho dos profissionais da educação;
– Ampliar o número de creches e garantir que tenham professor em todas as turmas;
PARA O TRABALHO DIGNO
– Criar uma incubadora pública para estimular a economia criativa (com incentivo a startups, casas colaborativas e escritórios compartilhados), transformando o Rio em um pólo de tecnologia e inovação em temas que melhorem a vida das pessoas na cidade;
– Criar o Banco Municipal de Desenvolvimento, para garantir recursos em projetos que promovam a distribuição de renda, beneficiem os pequenos e médios comerciantes e produtores, e incentivem economias de baixo impacto ambiental.
PARA A MORADIA
– Ampliar a oferta de serviços públicos nas regiões onde já foram construídos projetos de habitação popular, como o Minha Casa Minha Vida;
PROPOSTAS PARA A CULTURA
– Ampliar os pontos de cultura em todos as regiões da cidade, começando pelas zonas Norte e Oeste;
– Estabelecer política de financiamento e apoio às mídias populares e alternativas, desenvolvendo o Plano Diretor de Radiodifusão Comunitária;
– Criar Centrais Públicas de Comunicação – ou pontos de mídia – em cada região da cidade para integrar os telecentros, rádios comunitárias, escolas e centros educacionais, pontos de cultura e outros equipamentos culturais do município, começando pelas zonas Norte e Oeste;
PARA ASSISTÊNCIA SOCIAL
– Valorizar o servidor público da assistência social em suas mais diferentes áreas, com a abertura de concursos públicos e promoção de um plano de carreira digno;
– Aprimorar as ações voltadas para beneficiários do Cartão Família Carioca, qualificando investimentos em políticas de erradicação da extrema pobreza;
– Fortalecer os Conselhos Tutelares com programas de capacitação permanente de seus membros, reformas das instalações físicas e ampliação do quadro de funcionários;
– Promover políticas de acesso à justiça e garantir programas de reinserção social aos egressos do sistema prisional e do sistema socioeducativo da cidade.
PARA A SEGURANÇA PÚBLICA
– Ampliar a circulação dos ônibus à noite e na madrugada nas áreas de lazer da cidade;
– Valorizar a Guarda Municipal, implementando um plano de carreira digno, estruturando uma corregedoria independente, garantindo acompanhamento psicológico e promovendo uma formação democrática fundamentada na garantia de direitos e na defesa das liberdades.
PARA O ESPORTE
– Criar o Conselho Municipal de Esporte, dando-lhe estrutura e capacidade para deliberar sobre as políticas públicas de esporte na cidade;
– Ampliar o número de quadras poliesportivas nas escolas da rede municipal;
– Investir na ampliação de projetos sociais no Estádio de Atletismo Célio de Barros, no Parque Aquático Julio Delamare e no Maracanãzinho;
– Transformar os equipamentos olímpicos destinado aos Jogos de 2016 em centros de desenvolvimento da educação física e formação de atletas de alto rendimento integrando as escolas e as federações;
– Criar um centro de referência público de desenvolvimento do iatismo na Marina da Glória.
PARA O MEIO AMBIENTE
– Investir em saneamento ambiental para universalizar o acesso à água limpa e a coleta e tratamento de esgoto, começando pelos bairros e favelas da zona Oeste;
– Criar empresa pública de saneamento ambiental;
– Despoluir, recuperar e preservar mananciais, rios, lagoas e baías;
PARA OS DIREITOS DOS ANIMAIS
– Transformar o Jardim Zoológico do Rio em um centro público de reabilitação, conservação e pesquisa da fauna nativa;
– Ampliar a rede de hospitais veterinários públicos, aumentar os centros de esterilização e garantir programas de castração móvel no município;
– Criar programas de acolhimento de animais resgatados de abandono e maus-tratos e promover campanhas de adoção;
CONCLUINDO
Retomando o raciocínio inicial, Crivella é um desastre, sim, mas é um mal menor que terá vigilância implacável da mídia.
Freixo é o desastre com apoio da mídia e aquele que, tentando cumprir as promessas de seu programa de governo, acabará, comparativamente, transformando Dilma em um modelo de responsabilidade fiscal e boa governança.
Não caia nesta.
Artigo de Paulo Falcão
Não foi a esquerda que quebrou o Rio de Janeiro, mas a direita conservadora e parasitária, que sem dúvida alguma está entre as mais atrasadas do mundo. O que aqui é chamado de devaneio é realidade em qualquer sociedade decente do mundo. Mas os nossos conservadores querem um país decente?
Roberto Barros, a esquerda quebrou o Brasil. No caso do Rio de Janeiro, a obra é bem eclética, mas basicamente é uma mistura de populismo rombudo (de direita), corporativismos (ambidestro) e incompetência gerencial. O que o artigo faz não é atribuir o estado de calamidade do Rio à esquerda, mas de chamar a atenção para o fato de que as promessas de Freixo são absolutamente fantasiosas e irresponsáveis frente à situação atual.
Se os governos não tem recursos nem para pagar a folha atual, de onde esse candidato Freixo vai tirar recursos para criar tantas empresas públicas? E sabemos que as presidências e diretorias serão dadas para esses “supercompetentes” gestores públicos do PSOL, PT, PC do B…
É isto Graça. Este pessoal da esquerda não acredita na matemática. Pensam que é possível gastar como se não houvesse amanhã.
Considero o teu artigo ideológico no sentido pejorativo, ao inverter a realidade, Freixo anda cedendo até aos empresários, a PM, as religiões, se endireitando,até ficar quase irreconhecível quanto ao seu campo político. O PSOL relativiza o massacre na Palestina, acolhe o discurso de luta contra a corrupção. Por isso ele é o extremo oposto de totalitário, pois se abre ao diálogo com todos, cheio de tolerância, comparemos ele com seu adversário, que ao ser perguntado em debate que ele fugia sobre o Garotinho, respondeu a mesma frase umas cinco vezes sem parar e mudar uma palavra, facilmente irritável. Enquanto Freixo sempre está disposto para o debate e com argumentos. Freixo personifica bem seu partido, que mescla o liberalismo e o socialismo, enquanto o adversário faz outras misturas. No RJ eu votaria Freixo, mesmo que ele não represente bem a citada foice no início de teu artigo, instrumento de rebeldia dos trabalhadores negros escravizados no Brasil escravista. Não há apoio da mídia ao Freixo, se a Veja ataca o seu adversário não implica em apoio, mas em considerar Freixo um inimigo futuro mais fácil de derrubar, nas mesma lógica dos que optam criticamente pelo Melo aqui.
Rafael, a sinuosidade da movimentação do Freixo é apenas mais uma prova de que usa a mentira como método, já que não é possível conciliar seus vários discursos. Assim, foco na essência do que ele e o PSOL defendem, e trata-se de um roteiro infalível para o desastre, repetidamente demonstrado.
Crivella, por outro lado, é apenas um espertalhão, um oportunista, cujas ideias são ruins mas representam riscos menores para a cidade.
O Globo apoia abertamente o Freixo. As redações dos demais jornais, idem. A Veja limita-se a atacar seu adversário, mas apenas ingênuos podem imaginar que ele seja um inimigo mais fácil de derrubar. Não é. Crivella e suas ideias macedianas não contam nem contarão jamais com a opinião dos formadores de opinião. Por outro lado, é fácil observar que boa parte das ideias de Freixo já contam com tal apoio.
Que há no artigo ideologia e tentativa de influenciar possíveis indecisos, não nego. Seria ridículo. Mas ela não está disfarçada de isenção. Deixo claro desde o início minha opinião e apresento dados retirados do programa do Freixo para comprovar o que afirmo.
Tu apenas floreia tua ideologia. Se correr tu pega, se fugir tu ataca, uai, quando ele é democrático, se torna mentiroso, simples assim?
Não Rafael, ele é mentiroso quando promete o que contradiz seu programa de governo.
A Globo ataca o Crivella por causa da Record.
A globo não aceita concorrência.
Concordo com Rafael Freitas, este vulgo apoio ao Freixo é porque a Globo julga que é mais fácil desqualifica-lo via Jornal Nacional do que o Crivella.
O Crivella tem uma emissora como porta voz, o Freixo não.
A Record pode crescer em audiência e ficar mais poderosa com o Crivella. Por isso é perigoso pra Globo.
O Freixo não tem nenhuma emissora por traz.
Não nego que a Globo tenha motivos econômicos para apoiar Freixo, mas seus jornalistas e a própria emissora já o fazem desde muito antes do segundo turno. A chamada “esquerda odara”, com seu “ponto de vista privilegiado”, de frente para o mar, apoia Freixo há muito tempo. Na Globo News, em que se faz um jornalismo mais opinativo, dá para contar nos dedos de uma mão os jornalistas que criticam Freixo – e ainda sobram dedos.